quarta-feira, 11 de abril de 2012


A História da Lavagem do Bonfim em Salvador (BA)



06.04.12
As Águas de Oxalá não teriam vindo com os escravos e sim criada no Brasil baseada na lavagem do Bonfim, realizada na cidade de Salvador (BA). A consagração do costume de se lavar a Igreja do Senhor do Bonfim, teria se iniciado entre os anos de 1855 e 1900, com forte conotação religiosa e que passou a se popularizar.
O ritual se reporta ao tempo da construção da Igreja, quando o capitão-de-mar-e-guerra português Teodósio Rodrigues de Faria, em 1754, instituiu a devoção do Senhor do Bonfim, venerado em Setúbal, Portugal, no alto de uma colina. Foi uma promessa feita depois de ser salvo de um naufrágio, ao rezar em frente à imagem de Cristo Crucificado que trazia.
Logo a notícia de que a imagem era milagrosa, se espalhou. A repercussão foi grande entre os negros, pela associação existente entre Oxalá e Jesus. Diversas Iyalorixás tinham o costume de ir à Igreja do Bonfim, que por sua vez, decidiu proibir a lavagem de suas dependências, que vigorou por 50 anos. Foi a partir daí que se passou a lavar somente as escadarias da Igreja, costume adotado até os dias atuais.
Existe uma grande possibilidade de ter sido Mãe Aninha, do Axé Opó Afonjá que tirou as comemorações do Senhor do Bonfim da Igreja, já que estavam proibidas, para levá-la para o Axé.
Foram criados os 17 dias de atividades seguidas, sendo inserido o Orixá Xangô, com quem Oxalá iria se encontrar e a lenda a respeito dessa passagem, passou a fazer parte do Culto.
Segundo Mestre Didi, “Muito tempo antes de ter aparecido um babalorixá ou pai-de-santo irresponsável, causador de toda esta polêmica que está existindo hoje sobre a lavagem do Bonfim, essa lavagem era feita pelas pessoas das tradicionais casas de culto afro de Salvador, onde a maioria delas pertencia a várias irmandades, com muita ordem e respeito. Mesmo porque os negros, quando pensaram em fazer essa lavagem, uma vez que tinham associado Senhor do Bonfim a Oxalá, foi procurando reviver uma grande procissão de uma cerimônia que até a data de hoje é realizada na cidade de Ifon, área que está situada ao noroeste de Oshogbo na Nigéria, onde Orixalá é o padroeiro dessa área, e uma vez por ano, a maior parte dos habitantes vai de manhã bem cedinho buscar água no rio para asseiar o assentamento” (Boletim Secneb, Salvador, Bahia).

Baseado em textos de “As Águas de Oxalá” – J. Beniste